Mensagem para George Harrison
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MENSAGEM PARA GEORGE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

(texto escrito em Janeiro de 2002)    

   Agora que a poeira assentou, que muitas notícias foram veiculadas, muitas besteiras foram ditas e muitas lágrimas foram derramadas, me sinto à vontade para "falar" com você, dividir meus pensamentos, externar meu descontentamento com algumas coisas, relembrar o passado.

   Eu acho que agora você está em Paz, sem sofrimento, sem agonia, sem a pressão dos que insistiam em te manter aqui neste mundo. As pessoas não conseguem entender que nascemos, vivemos e temos que morrer. É a lei da Natureza, do Cosmos, de Krishna, Alá, Deus, do nome que se queira usar. Uns morrem mais cedo do que outros, pelos mais diversos motivos. Eu, na minha humilde opinião, acredito que a vida é uma passagem, um aprendizado, um aperfeiçoamento para nossa vida eterna. Existem os que realizam tanto, que aprendem e ensinam tanto, que muitas vezes sua passagem é breve. Para que ficar mais?

   Assim deve ter sido com John, com você, com tantos outros que realizaram belas obras.  E por isso merecem passar logo para a vida eterna.

   Engraçado, você passou a vida toda reclamando dos aproveitadores, dos falsos amigos, dos pirateiros, e, na hora seguinte à sua passagem, eles surgiram com força total, até aqui no Brasil. É incrível, mas aparecem pessoas que garantem para o público leigo que sempre foram suas amigas íntimas, que encontravam-se regularmente com você (na verdade apenas eram fãs que tiravam fotos ao seu lado ou meros "papagaios de pirata"), que trocavam confidências, que eram seus contatos no Brasil e no mundo. Apareceram também aqueles que garantem ter as suas guitarras, exatas, fiéis, valorizando suas coleções, para faturar em cima disso.

   Uma rápida olhadela em detalhes simples como as pontes ou outras ferragens e nós, os que realmente estudamos seus instrumentos, verificamos que na verdade eram edições posteriores ou mesmo relançamentos. Triste, pois estas pessoas apregoam serem seus fãs.

   O pior são aqueles que se utilizam dos meios de comunicação para traçar o seu perfil intelectual, definir o seu caráter, detalhar as suas frustrações e rancores. Como se fossem seus confessores George, ou mesmo convivessem diariamente com você.

   No máximo te conhecem por livros e revistas. Mas posam por aqui como especialistas na sua vida. E você sempre detestou estas pessoas. Os "aleijados".

   Outros não entendem a profundidade da passagem desta vida para a eternidade e esperneiam publicamente que não aceitam sua morte, como se você fosse obrigado a ficar por aqui, vegetando, sofrendo, apenas para o prazer ou capricho delas. Nós que partilhamos da mesma doença, em estágios distintos, sabemos o quão é difícil conviver com ela.

   E quão bela é a Vida Eterna, ao lado do Senhor.

   Derek, nosso querido Derek Taylor sempre disse que invejava sua saúde, sua capacidade de reciclar o seu corpo, após os anos da louca Beatlemania. Ele admirava a sua espiritualidade, George. Foi o primeiro a conviver com a doença e nos deixar. Quantos planos tínhamos juntos, traçados na sala dele na Apple e no café do outro quarteirão, que poderiam ter se concretizado. Mas a saúde dele impediu. Mantive minha promessa de silêncio, aguardando que um dia a concretização dos mesmos poderia acontecer por sua mãos, George. Você estava lá com Ringo na última vez que estive com Derek. Mas você também desenvolveu a doença.

   O que era silêncio de minha parte, agora com sua passagem, foi enterrado para sempre.

   Os planos eram para terem sido concretizados com vocês em vida, sem vocês, não interessa a mais ninguém saber do que se tratavam. Se eu falar agora, vou me igualar aos "aleijados". Eu também desenvolvi a doença. Por graça de Deus, eu a controlei num estágio bem inicial. Mas um dia chegará a minha hora de também partir, e aí poderemos matar as saudades.

   Com você aprendemos muito, rimos, choramos, rezamos.

   Você deve se orgulhar bastante de sua passagem aqui na Terra. Fizeste parte do mais importante e revolucionário grupo musical, que acredito terá existido neste mundo. Trouxeste a cultura indiana para a juventude ocidental, incluindo sua música.

   Conseguiste, durante estes 45 anos de atividade musical, cativar desde crianças de 6 anos até adultos de 80 anos. Digo isso porque elas e eles estavam chorando nos dias seguintes à sua passagem.

   Obrigado cara, por ter feito parte de nossas vidas, alegrando-as com sua música, humor e filosofia.

   Por enquanto, tudo de bom para você, boa passagem, muita Paz e Amor, no Reino de Deus...